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Poluição Sonora e Surdez Profissional

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A Campanha Nacional da Audição discute a perda auditiva induzida por ruído ocupacional (PAIRO), uma doença profissional irreversível, considerada a maior responsável por afastamentos de trabalho em todo o mundo. A PAIRO é um dos mais importantes problemas sociais dos trabalhadores brasileiros. Em nosso país o ruído no ambiente de trabalho representa um perigo significativo à saúde auditiva de milhares de trabalhadores, representando hoje um dilema para muitas empresas e um desafio para médicos do trabalho, otorrinolaringologistas, fonoaudiólogas, engenheiros e técnicos de segurança do trabalho.
Estima-se que, da população dos países ligados à Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico, a ONG chamada OCDE, cerca de 16% estão expostas a níveis críticos de ruído, o que perfaz algo em torno de 110 milhões de pessoas. A Sociedade Brasileira de Otologia espera elevar o nível de consciência dos empregadores, para estimular melhorias nas condições de trabalho com a implantação de Programas de Conservação Auditiva.
A poluição sonora, a terceira maior poluição do meio ambiente, segundo a Organização Mundial da Saúde. Menor, apenas, do que a poluição da água e do ar. Inúmeros tipos de trabalho têm sido considerados os maiores vilões da surdez ocupacional. Destacam-se as metalúrgicas, os teares, as indústrias de beneficiamento de madeiras, o transporte em veículos pesados, trabalhos aero-portuários, indústrias de motores.
Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, 60% das reclamações recebidas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, são relacionadas às agressões sonoras. Estes números revelam com clareza a dimensão que a questão sonora ocupa junto a seus habitantes, mesmo em uma cidade com tantos outros focos potenciais de conflito ambiental.
O problema toma dimensões de saúde pública principalmente naqueles trabalhadores que estão na informalidade. São funileiros, marceneiros e serralheiros dentre tantos outros profissionais que se expõem rotineiramente a ruídos de alta intensidade e que por desinformação não se dão conta dos malefícios causados por esta agressão sonora aos seus ouvidos. "Somente anos depois eles acabam procurando o otorrinolaringologista devido à surdez e ao zumbido infernal, que infelizmente são irreversíveis, comprometendo sobremaneira a sua qualidade de vida", explica Dr. Luis Carlos Alves de Sousa, coordenador da Campanha Nacional da Audição.
Uma pessoa não pode permanecer em um ambiente com atividade sonora de 85 dB NA de intensidade por mais de oito horas. Esse tempo cai para quatro horas em lugares com 90 dB NA; duas horas em locais com 95 dB NA; uma hora aonde a intensidade chega a 100 dB NA. "Dependendo do período de exposição, sons de intensidades superiores a 85 dB NA podem causar um infortúnio de dupla perversidade, pois ao mesmo tempo em que compromete nossa capacidade auditiva para sons ambientais, normalmente agradáveis e prazerosos, nos incute um ruído intrínseco, contínuo, e não raramente desesperador: o zumbido", alerta o otorrinolaringologista.
"Durante anos, houve negligência operacional com o problema do ruído industrial. Ao lado do sucateamento do parque industrial, que resultou em máquinas obsoletas e ruidosas, os trabalhadores, por longo tempo, não receberam proteção auditiva individual e coletiva. Tampouco foram executados exames audiométricos nesse período, o que resultou em ausência de história auditiva para cada indivíduo. Freqüentemente, recebemos pacientes que, após dez, quinze ou vinte anos de exposição a ruídos, estão fazendo a sua primeira audiometria", explica Dr. Luiz Carlos.
PAIRO será doença de notificação compulsória no SUS
A Perda Auditiva Induzida pelo Ruído Ocupacional, PAIRO, deverá ser de notificação compulsória nos diferentes níveis de complexidade do SUS. Obedecendo a Portaria n° 777, de 28/04/04, os funcionários da rede de serviços serão obrigados, após regulamentação específica para a criação da Rede Sentinela de Notificação Compulsória, notificar acidentes e doenças relacionadas ao trabalho (a PAIRO está inserida no item IX da Resolução).
Para prepará-los tecnicamente à execução desta finalidade, um grupo de trabalho convocado pelo Ministério da Saúde está elaborando o fluxo de atendimento e notificação.     Em reunião realizada no início deste ano, no CEREST de São Paulo, o grupo iniciou a elaboração do protocolo que, uma vez concluído e regulamentado, será encaminhado para os 250 municípios qualificados em todo o território nacional. Depois de elaborado, ele será submetido à consulta pública por trinta dias antes de ser regulamentado.
Campanha
Lançada no final do ano passado, a Campanha Nacional da Audição é um programa de conscientização desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Otologia que, durante um ano, discutirá os problemas mais comuns que envolvem a saúde auditiva. "O objetivo central da campanha é orientar sobre os cuidados com a audição, principalmente em uma época de tanta exposição a ruídos intensos como acontece, por exemplo, nos trios elétricos, durante o Carnaval e período de propaganda eleitoral", afirma Luiz Carlos Alves de Sousa, coordenador da campanha.
Outra importante meta da campanha é derrubar o preconceito que envolve o uso de aparelhos auditivos. "Muitas pessoas rejeitam o aparelho auditivo, mas como é natural usarmos óculos para poder amplificar as imagens, também deveríamos usar os aparelhos de amplificação sonora (AASI), também chamados de próteses auditivas, ou outros equipamentos auxiliares para a audição, sem nenhum preconceito, como forma de se minimizar os efeitos negativos da deficiência auditiva que tanto aflige as pessoas",  afirma o otorrinolaringologista.

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