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Para muitas pessoas pode parecer estranho que existam regras para se fazer um nó. Porém, a complexidade que existe no que podemos chamar inclusive de arte, é na verdade, prazeroso para uns e necessário para outros.
Quantas vezes nos vemos em situações em que temos que amarrar algo de maneira firme, porém logo em seguida teremos a necessidade de desamarrar, sem usar uma faca ou, pior,
algo que não corta.
Durante muito tempo os nós foram de exclusivo conhecimento de marinheiros, artesões e pescadores que necessitavam seu conhecimento profundo para as mais variadas finalidades. Dos marinheiros, porém, surgiu a arte de se atar duas cordas de maneira segura e bonita.
Antes da polêmica de cabos e cordas um alpinista nos relata sua instrução à um marinheiro teimoso, que para subir a montanha insistia em usar um cabo. Este alpinista, farto de tentar convecê-lo, num gesto de desabafo, ordenou que o marinheiro, não mais subiria encordado, mas sim, encabado.
No alpinismo e na espeleologia, os nós representam nada menos que a união da pessoa, àquilo que vem salvando-lhe a vida. No início, aliás, era muito comum que os alpinistas usassem, apenas, uma corda, de sisal, atada às suas cinturas. O risco que isso representava pode ser comparado às demonstrações de técnica e agilidade que alguns escaladores nos fazem sem corda alguma a dezenas de metros do solo, onde fica visível que o risco é o preço do prazer. O prazer em cair escalando uma montanha é muito próximo do que nos propicia a chegada ao cume, com a diferença de que a descrição do cume é muito monótona. Uma queda, confiante no equipamento e sem risco, dá um grande prazer. Porém, pode representar a união eterna do alpinista com a corda, pois seguramente ele não terá uma faca quando mais lhe for necessário.
Em uma corda, onde na ponta fazemos um nó, que receberá um grande esforço (peso x altura), estaremos comprometendo aquele ponto da corda, se o nó, por sua vez, não for adequado ou estiver mal feito.
É muito importante um minucioso estudo preliminar, dos tipos de corda que existem e o desgaste que o nó exerce em cada parte que compõe a corda.
Tipos de corda
Sisal
De conceito primitivo, a corda de sisal é das piores cordas para se trabalhar. Normalmente de constituição torcida, elaboradas com duríssimas fibras vegetais, são engomadas e oferecem uma enorme resistência a torção. Por outro lado, uma vez feito um nó, dificilmente irá ceder ou romper. Em contato com água a fibra encolhe e apodrece.
Seda Sintética
Normalmente utilizada na construção da alma torcida em cordas dinâmicas, a seda sintética possui uma ótima relação entre peso, resistência e elasticidade. São cordas delicadas e merecem cuidados especiais, em função de seu custo. Devem ser lavadas sempre que em contato com lama ou rocha úmida, para que as pequenas partículas abrasivas não machuquem sua estrutura. São sensíveis a ação do sol, que resseca a fibra e desbota sua coloração. Recomendável variar o ponto do nó ou da fixação distribuindo o esforço, para que não haja ruptura das fibras aloucadas na parte superior do nó.
Polietileno
Corda tipicamente de utilização náutica, sua alma possui fios contínuos e esticados, apresenta boa resistência a esforços unidirecionais, porém, deformam com muita facilidade, fazendo com que sua capa, de pontos largos, escorregue pela alma e estrangule os nós.
Poliester
Por sua grande resistência e excelente compatibilidade com outras fibras, é um material importantíssimo na composição de cordas estáticas e na capa de cordas dinâmicas. Nas cordas estáticas a alma é também de poliester trançado. Cordas compostas unicamente de poliester não exigem cuidados especiais e são bem agradáveis de se trabalhar.
Kevlar
Este material apresenta tamanha dureza, que sequer poderia ser comparado a uma corda, não fosse sua aparência de corda. Muitas vezes, chega a ser mais resistente que o aço, com a vantagem de ser mais leve e maleável. O Kevlar em si, é uma fibra sintética, extremamente dura, porém frágil. Sua utilização é mais voltada para equipamentos de vôo, como paraglider etc., onde a necessidade de um material leve e resistente é muito grande. Nunca deve ser utilizado para manufatura de nós, caso contrário, sua alma pode se romper parcialmente, ou em casos de esforços muito grandes, chega até expor-se à capa. A ação prolongada de raios ultravioleta danifica sua estrutura física e causa uma perda considerável na resistência.
Cordas Dinâmicas
Cordas dinâmicas são as que possuem maior elasticidade. Sua alma é composta por vários cordins torcidos, que facilitam o alongamento em caso de um esforço muito grande. Mais utilizadas para a prática de alpinismo pelo fato de aliviarem o impacto em caso de queda. Sua elasticidade pode chegar a até 30% do comprimento antes de romper.
Cordas Estáticas
Muito utilizadas para a prática de técnica vertical, são compostas em sua alma, de diversos cordins trançados com recheio de fibras esticadas. A principal característica é que ao subir ou descer, o espeleólogo não gira em torno da corda, porque a mesma não tende a desenrolar a alma. Outras porém, utilizadas em náutica, possuem a alma puramente composta de fibras esticadas. Sua elasticidade não passa de 10%.
Cordas Especiais
As cordas de Kevlar são consideradas de tecnologia de ponta. Pode-se obter resistências super elevadas com diâmetros pequenos. Sua elasticidade não ultrapassa 2%.
RESISTÊNCIA ABRASIVA
Dependendo da maneira como a capa é trançada, obtêm-se maior ou menor resistência abrasiva. As capas mais resistentes apresentam maior número de pontos e mais apertados, desta forma, consegue-se que as fibras dificultem o desfiar provocado por superfícies ásperas, o que não ocorre com capas de pontos largos.
% DE PERDA NO NÓ
Todo nó enfraquece a corda no local onde apresenta curvatura. Dependendo do tipo de nó e corda, o percentual de perda na resistência pode chegar a 60%. Existem nós, que por possuírem curvas menos acentuadas não sacrificam tanto a estrutura da corda. Vale lembrar, que um esforço contínuo, sacrifica menos a estrutura (alma), do que um esforço de impacto.
SENSIBILIDADE Uv
Os raios Ultravioleta tem uma grande influência sobre fibras sintéticas. Principalmente eles ressecam e desbotam fibras tingidas. Uma vez ressecadas, a perda da resistência é muito grande. Uma boa maneira de evitar esse tipo de desgaste, é prevenir a corda de exposições muito prolongadas ao tempo.
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